Tecnologia Veja mais em Tecnologia

Reflexões sobre as tecnologias a luz de velas

 
Reflexões sobre as tecnologias a luz de velas
 

VelasEu me sinto ilhado! Sem internet, sem telefone móvel, sem televisão e sem luz para ao menos ler alguma revista e passar o tempo. Toda a promessa de que a tecnologia seria a solução, na prática, tornou-se um grande problema. Na verdade, o problema não é a internet, mas sim todas as novas tecnologias e qualquer coisa que dependesse de energia para sobreviver. O blackout que afetou o coração do país acabou por alertar a nossa dependência dessas coisas modernas.

A Internet, uma rede descentralizada, capaz de sobreviver a tudo, inclusive uma bomba atômica, mostrou-se frágil. Não adianta possuir a informação se não for capaz de transmiti-la. Um jornalista da rádio Bandeirantes mostrou-se indignado com a Eletropaulo por não divulgar nada em seu site. Mas de que adiantaria se os maiores afetados estão sem acesso?

Pelo que fui informado pelo rádio, nunca houve um problema tão grande no mundo. A situação tornou-se caótica. Escrevo agora graças ao final da bateria que ficou armazenada no meu netbook. Aparentemente, até o Paraguai foi afetado. A coisa está feia. Amanhã, esse texto pode parecer exagerado, mas lembre-se de como você se sentiu naquele exato, isso é, pouco mais de meia noite.

Ninguém sabe de nada! Não se consegue estipular nenhum prazo. Mas sabe o que me desespera? Não há um plano B! Como isso é possível? Quem trabalha com tecnologia sabe da necessidade de um servidor NUNCA parar! É preciso ter redundância em tudo. Da fonte ao banco de dados, é preciso prever TUDO! Até mesmo algo que nunca se possa imaginar, que beira a impossibilidade, já foi analisado e precavido. Dos datacenters que conheço, garanto que estão funcionando através de meios próprios. Mas a empresa que gera luz, o principal nessa história toda, não tinha um plano B. Na verdade, o presidente de Itaipu, na rádio Bandeirantes, garantiu que há um plano B. Engraçado é que ainda não foi posto em prática.

Nesse exato momento, meia noite e meia, recebo a informação de que Itaipu não teve problema nenhum. Que o problema, na verdade, foi em um dos mais de mil quilômetros de cabeamento que acontece de Itaipu aos redistribuidores de energia. Mas, sinceramente, não me importo. O fato é de que estou sem energia. Regredido ao homem das cavernas! E o governo planejando doar celulares?

A Internet existe lá fora, mas não tenho acesso! De que adianta existir se não posso tocar? Se não posso utilizar? Falei tanto do rádio ao longo do texto, porque foi o único meio que conseguiu me informar. Isso! Aquele mesmo que já está “enterrado”! Aquele que a internet (a frágil internet, agora posso afirmar) assassinou! Ou pelo menos a grande maioria acha isso.

Esse é o problema da tecnologia. As pessoas vislumbram o futuro como se fosse sempre tudo do bom e do melhor. É preciso lembrar que sempre haverá problemas! Muitos em alguns casos. Não adianta a internet ser a prova de balas se não temos acesso a ela. Imagino como se sentiram os chineses agora, sabendo que há diversas informações rodando na rede sobre seu país e não ter acesso a nenhuma delas.

Eu vou repensar na internet antes dormir. Uma grande parte da fantasia acabou para mim. Agradeço cada vez mais por ter ganhado um rádio da VeriSign no Intercon. É ele, o velho radinho a pilha que me mantém informado! Engraçado, não é?

Para finalizar, por um lado, penso que seja bom estar sem internet. Imagine só cada notícia que apareceria na grande rede! Se o rádio já acabou por me deixar preocupado quando disseram que seria de um a três dias de apagão, a internet teria dito que esse seria um ataque do talibã (possivelmente aliado a seres extraterrestres) em busca do pré-sal brasileiro. Sério, eu leria muitas notícias sobre a terceira guerra mundial, ou coisas piores, se fosse possível. Duvida? Você já pesquisou sobre alguma doença no Google? Uma simples espinha no pé pode ser sinal de amputação da perna!

Olhos no Escuro (Animado)Acho que isso foi bom! Tudo bem! Foi péssimo para o país. Afinal, já imaginou no prejuízo só nessas duas primeiras horas de falta de luz? Mas temos que ver tudo pelo lado bom. Talvez, tenhamos que repensar na grande rede. Pela primeira vez (ou não), o milagre da rede não foi bem aquilo que imaginávamos. Quando precisamos, ficamos na mão.

Pelos fogos na rua, a luz voltou. Se voltou, vou publicar esse post. Mas deixo a dica. A tecnologia é ótima! Mas precisa ser melhor pensada! #ficaadica.

Atualização: A luz somente voltou aqui à Santos por volta das 4 horas da madrugada.

Atualização 2: Nota 10!

Durante o apagão, a usina de Itaipú criou o twitter @usina_itaipu para prestar informações sobre o ocorrido. Um ótimo exemplo do uso das mídias sociais, mesmo às pressas, em uma situação de emergência.

Leia também:

 

3 Comentários para “Reflexões sobre as tecnologias a luz de velas”

  1. Tweets that mention Reflexões sobre as tecnologias a luz de velas | oJornalista.com -- Topsy.com diz:

    […] This post was mentioned on Twitter by Ariane Fonseca, Bruno Cardoso. Bruno Cardoso said: Reflexões sobre as tecnologias a luz de velas – http://migre.me/bfWG […]

  2. Flavia diz:

    Quando acabou a luz achei que tivesse sido só na minha cidade, de vez enquando acontece isso mesmo haha. Esqueci que meu celular tem rádio, mas também não sei se funcionaria… Confesso que os 60 minutos disponíveis pela bateria do meu notebook foram os mais produtivos em termos de estudo. Não tinha absolutamente mais NADA pra me distrair >.>’
    Ok, mentira. Joguei 2 partidas de Copas antes de começar a ler o que devia 🙁

    Quanto a redundância, não acredito que eles sejam tão displiscentes a esse ponto. O apagão afetou diversos estados e eles demoraram 5 horas pra reestabelecer a energia a todos os locais. Foi bem rápido se eu levar em consideração que demoram muito mais pra resolver problemas de energia só na minha cidade -.-‘
    Ou talvez eu já esteja acostumada com serviço ruim mesmo.

  3. Hugo Luz diz:

    Oi Ariane, tudo bem?
    Eu também estava pensando sobre isso ontem a noite. Sobretudo sobre a fragilidade das novas tecnologias. Embora hospitais e outras entidades de suma necessidade possuam geradores, a falta de energia prejudica e muito a vida das pessoas. E isso é a escravidão da tecnologia.
    Mas eu pensei em outra coisa.
    Ontem tive uma noite diferente. Sem televisão, sem internet, sem luz, acredito que muitas famílias tenham sentado em volta de uma mesa e de velas e conversado. Eu moro aqui em Piracicaba há pouco mais de 3 meses, e nunca havia feito isso com as pessoas com quem moro. Antes um pouco, na faculdade, lia um texto que afirmava que as novas tecnologias tem causado um aumento na “poluição pessoal”. Um antropólogo louco que diz que as pessoas estão se afastando cada vez mais devido às novas tecnologias. Nem tão louco ne?
    Mas fica aí a contribuição. Gostei muito. Bjs

Deixe um comentário

* Obrigatório
** Não será publicado

 
 

©2008-2010 | Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons | Alguns direitos reservados a Bruno Cardoso.
Mapa do Site | RSS | Política de Provacidade | Termos de Uso | E-mail: ojornalista@inexato.com
Powered by Wordpress | Tema desenvolvido por: inEXATO

Creative Commons License
 

Este texto foi impresso do blog oJornalista.com (http://www.ojornalista.com/).

Autor: Bruno Cardoso (bruno@inexato.com).