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O fim do Jornalismo

 
O fim do Jornalismo
 

Fim do Jornalismo

É difícil aceitar que sua profissão está morrendo. Que em breve, talvez ontem, você se tornará uma espécie em extinção, que já estava sendo ameaçada há tempos, mas nunca se deu conta real de que um dia isso pudesse acontecer. Eu sou jornalista. Por formação, por opção, por amor.

Não há dúvidas de que o modo de se fazer mídia mudou com a chegada da internet. Jornais on-line nasceram, os jornalistas se adaptaram e continuaram fazendo aquilo que faziam mas publicando nessa nova mídia. Eles não se preocuparam, ou se preocuparam muito pouco, com o que estava acontecendo e com o poder que essa mídia atual possuía na época. Poder esse que hoje já se tornou incontavelmente maior e que tende a crescer a cada dia das nossas vidas até chegar ao não tenho a menor idéia de onde.

Os leitores já não estão mais contente em ler, querem participar, querem escrever! Aquela velha idéia dos profissionais de mídia produzirem para uma grande massa simplesmente ler morreu. Hoje, essa massa escreve, tem, também, a mesma credibilidade daqueles que os lêem. São, até mesmo, mais especializados do que aqueles que passam quatro anos dentro de uma universidade aprendendo, e algumas vezes não apreendendo, a escrever.

E onde fica o jornalista nesta história? Ele morreu e ninguém avisou para ele? O super-homem, ou melhor, o Clark Kent do Planeta Diário, não existe mais? Mas, será que ele chegou a existir?

Eu coloco como puro descaso dos próprios jornalistas a situação a que chegamos. Sim, tem muita gente boa por ai! Porém, estou cansado de ver aqueles que nunca demonstraram por que optaram por essa profissão tão magnífica e escolheram o jornalismo por modinha, ou queriam a fama do apresentador do jornal da TV.

Imagine chegar para um economista e dizer que seus clientes já não precisam mais dele! Ele vai achar absurdo e vai relutar sobre isso o quanto lhe existirem forças e amor próprio. Por mais que isso já seja realidade existente, visto que pessoas normais, de carne e osso, podem por si anunciarem na bolsa via internet, por exemplo. Agora, imagine chegar à um jornalista e dar a notícia de que sua profissão morreu! Quem vai morrer é ele, que nunca vai aceitar tal situação, por mais clara, infelizmente, que possa parecer.

Mas continuo com minha opinião formada. A prática não ensina tudo. Todos podem produzir textos, qualquer pessoa que tenha o domínio da escrita é capaz de produzir alguma coisa para que outros leiam. Porém, não acho que o objetivo do jornalista seja simplesmente transmitir uma notícia. Quem escreve é um formador de opinião. Quem forma opinião tem que saber o que está fazendo, e o fazer com cuidado, por está lidando com a vida de outras pessoas! Daí sim, a importância de alguém que dedicou alguns anos de sua vida para aprender sobre coisas que, na maioria das vezes, julgam não ter nada haver com o que querem fazer.

A psicologia, filosofia, sociologia e outras “ias” da vida, ajudam a formar uma mentalidade responsável e madura na hora de transmitir um fato para o papel, ou monitor, televisão, rádio, celular, ou qualquer outro dispositivo de comunicação. Não basta comunicar, é preciso ter consciência daquilo que é feito. É preciso saber como fazer! Daí eu digo, os jornalistas nunca vão morrer. A profissão será eterna, enquanto informações precisarem ser dissipadas. Só basta o próprio profissional se conscientizar disso e, principalmente, o leitor se aperceber daquilo que recebe e separar o joio do trigo.

Tem espaço para todo mundo. Mas cada um deve respeitar o seu próprio espaço. Não creio que os Blogs sejam a mídia oficial do futuro, como já cansei de ouvir. Porém, podem auxiliar de maneira significativa a forma como é feita a mídia hoje. Faz-se necessário uma nova (re)invenção do jornalismo. Definindo qual sua função, já que esse se vê tão perdido, publicando press-releases sem a menor preocupação com seu conteúdo e servindo unicamente como propagação de marketing de grandes empresas ou reprodução de conteúdos.

Os meios aumentaram, a produção jornalística permaneceu a mesma, a mentalidade não acompanhou e, dessa forma, nossos dias estão contados.

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2 Comentários para “O fim do Jornalismo”

  1. Giovanna diz:

    Não é qualquer indivíduo que sabe trabalhar um texto. Escrever sim, mas trabalhá-lo não. Isso cabe aos jornalista e literários da vida.

  2. Raphaela diz:

    Infelizmente o ANACRONISMO no mundo jornalístico faz com que isso seja uma possível realidade!
    De fato é preciso uma formação pra trabalhar com textos, principalmente quando trata-se de transmitir opiniões. Mas tenho uma leve impressão que esse não têm mais sido o FOCO do jornalismo de modo geral, fazendo com que um jornalista formado e um blogueiro qualquer sejam de “igual valor”. Então: “Pra que Diploma?”
    Os jornalistas têm que voltar o foco àquilo que é pertinente a sua função e tentar se DIFERENCIAR em meio a tanta rede social e tecnologia.

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Autor: Bruno Cardoso (bruno@inexato.com).