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Novos dados para confirmar o que já sabíamos

 
Novos dados para confirmar o que já sabíamos
 

jornais-lerFalar sobre queda de vendagem dos jornais impressos não é nenhuma novidade. Os últimos dados sobre o assunto foram publicados no New York Times e na Associated Press, ambos baseados no estudo do Escritório de Auditagem de Circulação (ABC – Audit Bureau of Circulations), que demonstra que a circulação média diária de 379 jornais dos Estados Unidos da América. Entre abril e setembro, como já era de se imaginar, a circulação diária caiu 10,6% e, aos domingos, 7,5%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A pesquisa afirma que circularam, no período analisado, cerca de 30 milhões de jornais impressos. No ano anterior, esse número foi de 34 milhões. Entre os 25 maiores jornais diários dos EUA, o que teve a maior queda foi o The San Francisco Chronicle, algo em torno de 26% e somente um teve aumento de vendagem, o Wall Street Journal, que viu a sua circulação crescer 0,6%. Dessa forma o WSJ passa a ser o jornal com maior tiragem do país, superando o USA Today, que caiu de 2,3 milhões de exemplares diários para 1,9 milhão, de acordo com a agência EFE.

Na internet, o Wall Street Journal também demonstra bom desempenho, com mais de 400.000 assinantes. Segundo os números da Nielsen Online, os sites de jornais registraram mais de 72 milhões de usuários únicos por mês, contra 60 milhões em 2007. Porém, segundo publicação do New York Times, os jornais online não estão conseguindo segurar os dólares dos anunciantes, embora a publicidade na internet esteja se recuperando. Segundo a reportagem, para os anunciantes, “os sites de jornais são os sapatos de couro e salto alto do mundo online – são usados em ocasiões especiais, mas outros sapatos ficam com o dia a dia”. Os outros sapatos são as redes de publicidade online como as do Google e AOL.

Voltando ao impresso, para Mark Loundy, em texto publicado no The Digital Journalist, com a queda nas vendas, a redução das equipes dos jornais feitos em papel foi drástica para o mercado da notícia como um todo, chegando ao ponto de afetar até mesmo a credibilidade das pessoas em outras formas de Jornalismo. Para ele, o ideal seria amputar a gangrena do impresso para salvar o corpo do Jornalismo, o que eu considero uma idéia precipitada e exagerada. Segundo Loundy, “uma das maiores barreiras parra o sucesso do online é a continuação do confortável e morno produto impresso. Fundamentalmente, muita gente resiste à mudança. Muitas pessoas continuam como assinantes por puro hábito. Sem a escolha de um jornal impresso, os leitores que atualmente dizem que preferem o produto impresso descobririam, de repente, que a água digital é tão boa quanto a impressa e está rapidamente se tornando melhor”. Será mesmo?

Sem dúvidas, eu concordo com ele quando afirma que as edições gratuitas somente contribuem para o declínio dos jornais impressos, porque, na verdade, esse declínio começou há mais de meio século. Loundy explica que “certamente as edições gratuitas (online) contribuem para o declínio do impresso, mas esse declínio começou há mais de meio século atrás. A Internet apenas acelerou esse declínio na última década. A recessão atual colocou mais jornais na espiral do estado terminal”.

Os jornais impressos se tornaram irrelevantes para a maioria das pessoas há alguns anos. Porém, quase que por ironia, eles ainda são os maiores produtores de conteúdo noticioso. O problema, é que eles não são beneficiados diretamente com isso. Não é possível afirmar que extinguir o impresso automaticamente transfira esse posto ao online.

Além disso, Loundy afirma que os impressos “estão se vendendo cada vez mais baratos aos anunciantes” e mais caros aos leitores. É a publicidade a todo custo! De anúncios de primeira página completa a “advertorial” (mistura de advertising com editorial, em português, combinação entre as palavras publicidade e editorial), que é um termo cunhado para a publicação de um texto publicitário como se parecesse como uma legítima notícia. As pessoas estão ficando cada vez mais cansadas disso! Mas na internet não é pior?

jornaisNo caminho contrário, apesar da imprensa francesa ser uma das menos lucrativas da Europa, o governo francês vem investindo em programas que ajudem a aumentar a gama de leitores de publicações impressas. O público leitor de jornais na França é especialmente baixo entre jovens e, segundo um estudo do governo local, apenas 10% dos jovens entre 15 e 24 anos leram um jornal pago em 2007, 20% a menos em relação à década anterior. Isso se deve a problemas como pontos de venda limitados, altos custos de impressão e monopólio no setor de distribuição. Ainda nesta semana, o governo de lá lançou o programa “Mon journal offert” (algo como “Meu jornal grátis”), que oferece a leitores entre 18 e 24 anos uma assinatura gratuita anual de qualquer jornal Frances.

Fontes: Blue Bus, Blog do GJOL, New York Times, Knight Center for Journalism in the Americas, Jornalistas da Web

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1 Comentário para “Novos dados para confirmar o que já sabíamos”

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Autor: Bruno Cardoso (bruno@inexato.com).