Vamos de carro ou de metrô? É melhor irmos de carro, afinal, se é “Bienal do Livro”, deve haver uma série de livros com descontos imperdíveis e ficará difícil carregar todos no metrô na volta para casa. Por mais que possamos ir de mochila, você sabe… vou comprar um monte de livros! Então vamos de carro, mesmo que o estacionamento custe R$ 25,00!
Vamos aos custos…. Foram R$ 25,00 de estacionamento, mais R$ 10,00 da entrada (de cada um), mais uns R$ 25,00 de almoço (também por cabeça), mais R$ 4,00 por garrafinha d’água… Bem! Adquirir cultura nesse país custa caro! E muito! Se pelo menos os livros fossem baratos, valeria a pena! Mas não eram!
Todas as editoras colocaram 20% de desconto em seus livros! Ótimo! Imaginem todos os livros com 20% de desconto no valor da capa! Legal, certo? Mas o que fazer se, na internet, eu consigo encontrar os mesmos livros com mais de 70% de desconto em relação à Bienal? Nasceu aí minha primeira conclusão: a Bienal é legal para quem não tem acesso à Internet.
Mas calma, como alguém que não tem acesso à Internet estaria disposto a gastar algo em torno de R$ 50,00 para visitar uma feira? Tudo bem… se você passar fome ou levar a marmita e for de metrô fica mais barato… porém, e o perigo de ser assaltado durante a noite?
Ok! Minha primeira teoria estava furada!
Vamos falar do público! O que você imaginaria do público que freqüenta uma “feira de livros”? Um bando de nerds, pessoas cultas ou seres estranhos de outro mundo? É… não é bem assim! Ainda bem que fui de tênis, pois vocês não imaginam o quanto pisaram no meu pé! Educação era artigo de luxo. A maioria brincava de touros bravos, abaixavam a cabeça e davam chifradas em quem se opusesse ao seu caminho!
Mas o que valia a pena? Bem, acho que nada! As palestras/autógrafos/apresentação até deveriam ser legais, mas as senhas se acabavam tão rapidamente que não dava tempo de chegar ao estande. Ainda mais com filas. Poderíamos chamar muito bem de Bienal da Fila. Era fila no estacionamento, fila para entrar, fila para ir ao banheiro, fila para comer e (pasmem) fila para entrar em alguns estandes.
Obviamente que os estandes com fila seriam aqueles mais populares, como o da editora Panini (do álbum de figurinhas da Copa, lembra?), algum que tivesse cosplayers na porta ou os que anunciavam livros à R$ 1,00. Tudo bem… até achei um livro bom e barato em um desses. Mas sei que fui exceção!
Em um desses “sacolões” de livros, consegui encontrar o “Navegar no ciberespaço”, da Lucia Santaella, por apenas R$ 10,00 (deiz reaus)! Um verdadeiro achado. Mas tive que passar por muitos livros religiosos, direito, medicina, informática (mas só falando sobre o MS-DOS), administração e de auto-ajuda, todos bagunçados, para chegar até esse.
Nos estandes das editoras, comprei somente o “Jornal Nacional: Modo de Fazer”, do grande Tio William Bonner. Eu ainda não tinha “apalpado” o livro. Mas pareceu ser muito interessante. Paguei algo em torno de R$ 28,00. E, quando cheguei em casa, descobri que no Submarino estava R$ 21,90! O livro é super bem feito! Pretendo fazer uma resenha quando acabar de ler 🙂 Mas, se você for mais esperto, compre pelo Submarino…
Bem, voltando à feira, devo ter passado algo em torno de 5 horas lá dentro. E só consegui comprar um livro! Detalhe, eu levei bastante dinheiro, disposto a gastar, e mesmo assim não encontrei nada que valesse a pena.
Em tempo, gostaria de fazer uma crítica aos vendedores da Editora Globo (não a dos livros, mas a das revistas). Isso porque eu gostaria de ter assinado a Revista Galileu, mas desisti devido ao espírito de “vendedor sujo” dos funcionários. Vou explicar…. Perguntei se haveria alguma promoção devido à Bienal e recebi como resposta de um determinado senhor: “Claro! Será um brinde! Basta você me informar o número do seu cartão de crédito!”.
Poxa, eu não acredito em Papai Noel. Eu sei que there is no free lunch e nada nessa vida é brinde (tirando a revista “Performance Líder”, onde a vendedora foi honesta e me disse: “Leve essa edição, leia e, se gostar, assine!”). Como assim? Foi a única editora que não quis meu cartão de crédito? Já gostei!
O cara, que nem sei quem é, se negou a me informar o valor da revista enquanto eu não passasse o número do meu cartão! E ainda por cima disse: “como eu posso saber se você realmente tem um cartão?” Poxa, eu só queria saber o preço 🙁 ! Tudo bem, não assino mais e, em breve, ensinarei no blog como ler o conteúdo restrito sem necessitar de assinatura! Brincadeira, não farei isso, mas fiquei bastante chateado com a editora. Fica a dica: “selecionem melhor as pessoas que trabalharão para você!”. Queima a imagem da empresa, sabe?!
De qualquer forma, meu balanço da Bienal foi bem negativo.
Uma bela navegação por uma livraria online me renderia melhores frutos, menores preços e menos estresse. O site dizia: “A Bienal Internacional do Livro de São Paulo é o grande momento do livro no Brasil. É palco para o encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país, que preparam seus lançamentos para esse período.” Sinceramente, ainda estou esperando o grande momento!
Nem vou comentar que, se cobraram R$ 25,00 por carro e, enquanto estive lá, tinham mais de 2.000 carros estacionados, já obtiveram um lucro de R$ 50.000… (detalhe, segundo o site do evento, a estimativa era de 7 mil veículos por dia) Então, para que cobrar R$ 10,00 na entrada?
Eu costumo freqüentar feiras de diversos segmentos e posso dizer que a feira do livro foi uma das que mais me decepcionou. E nem foi pela expectativa que eu criei! Pretendo voltar somente daqui há dois anos, isso é, se o mundo não acabar em 2012.
Engraçado era o pessoal que não é de São Paulo que ficou com inveja de mim por ter ido. Sinceramente, vocês não perderam nada! Guardem dinheiro para visitar algum outro evento cultural! São Paulo tem muita coisa melhor e, de verdade, comprem seus livros pela internet… Nunca achei que fosse dizer isso, mas enfim. Agora estou começando a entender porque o Submarino era um dos grandes patrocinadores!
Quem já foi, me conte o que achou! Você conseguiu comprar algo que valesse a pena?
23/08/2010 às 2:18 pm
Putz, R$ 10 de entrada mais R$ 25 de estacionamento? Só assim pra eu não ter inveja de quem foi. E pode até ser interessante esse clima feira livre quando o preço compensa. Mas desse jeito, sem noção.
23/08/2010 às 2:37 pm
Bruno, oi!
Eu simplesmente odiei a Bienal do Livro!!! Desde meus momentos de adolescente ia, saia de lá triste, pois não comprava quase nada e aproveitava horrores… Desde palestras a me enfiar em algum stand e ficar vendo/lendo trechos de todas as novidades, quem ia comigo, só dava um toque uma vez ou outra pra saber se eu não tinha me enterrado viva no meio dos livros…
Acabei não indo na edição de 2008 por causa do trabalho e, por pouco não perco esta pelo mesmo motivo. Acabou q estive lá no final da tarde de ontem pra me arrepender totalmente. Decidimos ir de carro, pois na edição de 2006, tentamos e não tivemos sucesso em usar o ônibus que levaria da estação Tietê ao Anhembi. Estávamos em 4 e dividiríamos os R$25. Eu já tive um probleminha de cara, pois tentei entrar como jornalista credenciada (tenho diploma, MTB e trabalho na área; além de ter um blog), só q como atuo em assessoria e não tinha nenhum cliente participando, tentei a credencial pelo meu blog e negaram. Tá… pago os R$10… Já fiz em outros anos mesmo…
Cheguei lá e fui praticamente ABRAÇADA por um vendedor da Veja querendo o número do meu cartão de crédito (a história vc já conhece), atendentes mal educados, visitantes piores ainda e tals. Ainda fui muito triste pra lá, pois não estou podendo gastar mto, fechando a carteira total, mas o planejado era: dividir o estacionamento, pagar a entrada, comprar um livro e comer um churro. Dividi o estacionamento, paguei a entrada, não tive coragem de comprar um livro, pois todo e qq um q eu tinha interesse estava com o preço cheio e tanto no Submarino qto na Saraiva on line, encontro com esse super desconto q vc falou. Ah, tb não tive coragem de comprar o churro, o pessoal da barraca não usava protetor de cabelo, luva e o churro saia por R$5. Espero q a coisa melhore pra 2012!
23/08/2010 às 2:42 pm
Boa tarde, Bruno!
Engraçado, mas me identifiquei muito com o seu texto. Eu também não gostei da Bienal do Livro desse ano.
Além do estacionamento ser uma FACADA, tive que pagar a entrada e ainda por cima não achei NENHUM livro que eu não achasse mais barato no Submarino ou em qualquer outro e-commerce.
Fiquei decepcionada com os preços, com o atendimento (fui pega por uns 3 atendentes que pediam o número do meu cartão), com o público (lamentavelmente mal educado) e com a desorganização no que diz sobre a distribuição das senhas antes das palestras/debates/sessões de autógrafos.
Já se foi o tempo que ir à Bienal era sinônimo de livros de qualidade por um preço acessível e convidativo.
Abraços e sucesso ao blog!
23/08/2010 às 11:25 pm
Bom saber que não é só a Bienal de Alagoas que é um fracasso com a venda de livros.. Na verdade não é bom, é péssimo, pois se em SP a situação está assim, acho que o nosso futuro é bem obscuro. Excelente relato, gostei bastante, vou acompanhar seu blog pois você escreve muito bem (=
abraços!
24/08/2010 às 12:50 am
Triste, mas verdadeiro seu texto. Concordo com vc e acrescentaria o fiasco do “digital”. Não acreditei quando resumiram essa nova faceta do mercado editorial colocando DOIS leitores no estande do Submarino e mais dois em um outro estande. E o debate sobre a mudança de paradigma? E as possiblidades e limitações desse mercado? Não se trata apenas de uma plataforma, mas de um novo cenário, linguagem, formato e desafios. Podemos enumerar dezenas de ações oportunas para explorar o tema, mas de nada adiantaria nesse momento. Se esse assunto, tão presente e relevante no cenário atual, merece ser praticamente ignorado num evento desse porte, não estranho a falácia do restante da Bienal.
24/08/2010 às 9:29 am
e eu que pensava que era só os eventos culturais gaúchos que era furado$… mas com certeza, hoje em dia eu só compro livro (bom, na verdade, quase todos os outros produtos) pela internet. Quase sempre frete grátis – já economiza 25$ do estacionamento e 10$ da entrada! – sempre tá mais barato que na loja ou em qualquer feira.
e quem disse que brasileiro pode ter acesso a livros? gente!, essa é uma das razões pelas quais as pessoas NÃO querem ler nada…
26/08/2010 às 2:03 am
Eu também esperava mais, bem mais, porém menores preços. Eu nunca tinha ido, mas como agora estou morando em Mogi das Cruzes, pertinho, descidi aproveitar. Eu também fui com a intenção de comprar livros e livros, mas achei que não compensava. Quando a Editora Globo bem sujo aquilo mesmo, tentaram me subornar, mas fui logo dando um chega pra lá e ainda trouxe duas revistas deles, rs
Abraços e espero que nos próximos anos a Bienal melhore.
30/08/2010 às 7:15 pm
Eu também fui a Bienal, no último dia (domingo, 22/8)
No fim do passeio (cansado, com dor nos pés de tanto andar, etc.) fiquei meio desiludido, mas ainda saí com a ideia que o evento não foi de todo mal.
Mas agora, lendo o seu post, concordo com tudo e me pergunto se voltaria lá.
Eu comprei UM livro e não consegui ver nenhuma palestra ou debate.
Vamos contabilizar o quanto eu gastei desde a minha saída da casa da minha mãe, em Salesópolis, até a volta à minha casa, em Mogi das Cruzes:
ônibus Salésopolis X Mogi das Cruzes: R$ 4,00
trem/metrô Mogi das Cruzes X Tietê: R$ 2,65
entrada inteira Bienal: R$ 10,00
hot dog + refrigerante: R$ 10,00
água 300ml (lá dentro): R$ 3,00
livro “O Processo”, de Franz Kafka (versão pocket): R$ 15,00
água 510ml (lá fora, na fila do ônibus grátis Bienal X Tietê): R$ 2,00
metrô Tietê X Tatuapé: 2,65
lanche no Burger King do Shopping Metrô Tatuapé: R$ 14,90
biscoito da sorte em restaurante japonês do shopping: R$ 0,50
trem Tatuapé X Mogi das Cruzes: R$ 2,65
ônibus pra minha casa, em Mogi: R$ 2,50
TOTAL: R$ 69,85!!!!
FIM.